O Panorama da Construção Civil em 2023

Censo Construção Civil Obramax

Um compilado dos dados e tendências mais recentes sobre um setor em crescimento, comentados por especialistas. 

Qual é a atual conjuntura da construção civil brasileira e as tendências para o futuro do setor? A primeira edição do Estudo Obramax consultou os principais especialistas do setor para responder estas perguntas: IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), FGV-Ibre, CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção) e, é claro, profissionais da área.

O setor de construção civil é extremamente importante para o Brasil. É por meio dele que conseguimos entender como está a evolução do país em diversos âmbitos, entre eles o econômico. Contudo, apesar da importância destes profissionais, a profissão ainda passa por diversos desafios, como a informalidade e a falta de acesso ao aprendizado de novas tecnologias.

Neste estudo, veremos um dossiê completo sobre os desafios da profissão, a inclusão de mulheres no mercado de trabalho da construção, os desafios da formação profissional, dados sobre remuneração. Trazemos, também, dados sobre a venda de material de construção no Brasil.

Confira o estudo completo e todas as expectativas que permeiam o setor para 2023 e anos futuros.

Construção civil deve crescer 1,5% em 2023, aponta CBIC

A expectativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) da Construção para 2023 começou com projeções de crescimento bastante otimistas, que foram sendo revisadas em consonância com cenário macroeconômico e político. Os juros altos foram um dos fatores que fez com que a Construção Civil não se desenvolvesse tanto quanto o esperado.

Até o fechamento do terceiro trimestre, este tem mesmo sido o terceiro ano consecutivo de crescimento do setor, como era esperado. Em janeiro, a projeção da CBIC apontava alta de 2,5%. No fim de julho, a economista da entidade, Ieda Vasconcelos, anunciou a revisão da porcentagem de aumento para 1,5%.

“A construção, que cresceu 10% em 2021 e 6,9% em 2022, vai crescer 1,5% em 2023. Isso significa que o setor está colhendo os frutos amargos de uma taxa de juros tão elevada por tanto tempo”, explicou Ieda Vasconcelos, economista da CBIC.

O Produto Interno Bruto (PIB) da indústria da construção abrange tanto a construção formal, representada por construtoras e incorporadoras, quanto o setor informal, que engloba obras de reforma, autoconstrução e empreiteiros de pequena escala.

PAIC – Pesquisa Anual da Indústria da Construção

A Pesquisa Anual da Indústria da Construção – PAIC tem como finalidade a identificação das características fundamentais da estrutura empresarial do setor de construção no país e suas mudanças ao longo do tempo. Isso inclui, entre outros aspectos, a coleta de dados sobre o número de funcionários, salários, custos e despesas, receitas, valor de obras e/ou serviços especializados, bem como o valor adicionado.

Em sua última edição, de 2021, o levantamento realizado pelo IBGE fez o seguinte panorama da construção civil no Brasil: 

Construção civil: segundo semestre de 2023 inicia com retração no custo com materiais e equipamentos

Para mensurar os custos da construção civil, são usados dois índices diferentes. O primeiro é o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC-M), mensurado pela FGV (Fundação Getúlio Vargas), e o segundo é o Sinapi, medido pelo IBGE. Cada um possui métricas diferentes, embora haja um consenso: o custo para construir está desacelerando – o que promete aquecer o setor.

“Olhando a atividade, o setor está bastante aquecido. Olhando o mercado, há um ciclo produtivo que sempre tem uma defasagem em relação ao de negócios. A tendência é de uma demanda aquecida”, diz a Coordenadora de Projetos de Construção da FGV-Ibre, Ana Maria Castelo.

Segundo ela, no entanto, é necessário ficar de olho na demanda das famílias. “Houve uma queda no ano passado devido ao endividamento e crédito mais caro, o que deve se manter em 2023”.

INCC-M

O Índice Nacional de Custo da Construção passou por variações intensas de julho de 2020 a julho de 2022. Desde então, o indicador mantém estabilidade, ainda em patamar elevado. Entre julho de 2020 e julho de 2023, o INCC-M demonstrou um incremento de 36,22%, enquanto que a inflação oficial do país, quantificada pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), registrou um aumento de 25,06%. Nos primeiros sete meses de 2023, o INCC teve um acréscimo de 2,38%, e nos últimos 12 meses encerrados em julho de 2023, observou-se uma alta de 3,15%.

Em 2022, houve uma desaceleração do INCC-M em relação a 2021 – alta de 9,84% contra uma elevação de 13,85% no ano anterior. O que chama atenção, no entanto, é outra questão: a inversão nos elementos que impulsionam o aumento nos custos.

Os preços de materiais de construção, equipamentos e serviços representavam 21,45% do índice e caíram para 7,23%. “Desde o segundo semestre do ano passado estamos vendo uma deflação dos preços. Isso reflete o cenário da queda nominal de itens importantes como o cimento”, explica Castelo.

Outra questão que ela aponta como importante nesta mudança é a redução de custos de energia, que haviam disparado no começo de 2022 por causa da guerra entre Rússia e Ucrânia. “Também há a mudança que as commodities metálicas pressionaram preços e reverteram o contexto de desaceleração da economia mundial”, conta.

Castelo ainda aponta que ambos os fatores deverão ter variações próximas da inflação prevista para o ano – diferentemente dos últimos anos de contexto de pandemia. “O cenário se mostra benigno e já está esperada uma desaceleração, assim como nas economias desenvolvidas”, conta.

Sinapi

O Sinapi é mensurado avaliando custos e valores. São comparados o custo médio de 21 projetos residenciais com o de outros do mês anterior. Desta forma, o índice avalia a variação do custo do metro quadrado. No entanto, a coleta de dados é feita nos primeiros dez dias úteis do mês – ou seja, uma queda ou alta nos outros dias só terá incidência no mês seguinte.

Em janeiro, o índice apresentou alta de 0,31% – aumento em relação à alta de 0,08% em dezembro. Nos últimos doze meses, o índice apresentou crescimento acumulado de 10,45%. Ou seja, o IBGE aponta para um custo de R$ 1.679,25 por metro quadrado.

“Janeiro é um mês que geralmente trabalhamos com a atribuição do salário mínimo nacional, que aumentou para R$ 1.302. Neste mês, não são todos os estados que homologaram os acordos coletivos da categoria”, explica o gerente do Sinapi Augusto Oliveira.

Segundo ele, a mão de obra representa, em média, 35% a 40% do peso do custo da construção civil. “Quando você tem uma variação de alta em todas as categorias num único mês o impacto é maior”, conta.

Já em agosto, o índice apresentou um aumento de 0,18% em agosto, o que representa uma diminuição de 0,05 ponto percentual em comparação com o índice de julho, 0,23%. No acumulado dos últimos 12 meses, o índice alcançou 3,11%, o que representa uma redução em relação aos 3,52% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em agosto de 2022, o índice estava em 0,58%.

Venda de materiais de construção: destaque para o Sudeste

Mensalmente, o Instituto de Pesquisa Anamaco realiza entrevistas com 600 estabelecimentos varejistas de materiais de construção, com o propósito de acompanhar as flutuações nas vendas do setor. Esta iniciativa é conduzida em colaboração com a FGV-IBRE, que avalia os resultados dessa pesquisa à luz do contexto macroeconômico.

No relatório de julho de 2023, observou-se uma relativa estabilidade: o índice de vendas do mês retornou ao território otimista (acima de 100 pontos), aumentando de 97 pontos para 104 pontos entre junho e julho.

O Sudeste foi a única região em que as indicações de aumento avançaram, aumentando de 19% para 28% em comparação com o mês anterior. Nas demais regiões, esse indicador registrou uma queda, passando de 24% para 19% no Sul, de 44% para 24% no Norte, de 30% para 26% no Nordeste e de 39% para 28% no Centro-Oeste.

Quais as mudanças econômicas da construção civil na última década?

Nos últimos 10 anos, a construção civil brasileira passou por mudanças drásticas. Por exemplo, a participação do setor no PIB (Produto Interno Bruto) caiu de 6,5% para 3,3%. Esta fatia está muito abaixo da de economias mais desenvolvidas como União Europeia e Estados Unidos – onde o setor costuma ser responsável por 7% da riqueza gerada.

“A questão fiscal somada à queda do investimento público refletiu nesta queda de participação do setor na economia”, explica Castelo. Segundo ela, isso causou déficit habitacional e problemas de infraestrutura.

Esta queda de investimento público na construção civil foi de R$ 101 bilhões por ano na década. Em um contexto econômico mais vantajoso, o governo investia anualmente uma média de R$ 179,8 bilhões no primeiro mandato de Dilma Rousseff, de 2011 a 2014. Já o contexto desafiador na economia durante o mandato de Jair Bolsonaro, de 2019 a 2022, fez com que fossem destinados R$ 78,4 bilhões por ano ao segmento.

A partir de 2014, o Brasil passou a enfrentar dificuldades econômicas e isso fez com que a construção civil passasse quatro anos desafiadores. “O setor teve uma retração muito forte por causa da queda dos investimentos do mercado imobiliário e do de infraestrutura”, conta Castelo. Outros fatores que influenciaram neste sentido foram o fim do ciclo de obras visando a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 – além da repercussão da Operação Lava Jato nas empreiteiras.

Em 2013, o faturamento das construtoras bateu o recorde de R$ 179,6 bilhões – valor que despencou para R$ 49,6 bilhões em 2017. No último ano antes da pandemia, o setor começou a se recuperar e fechou com receita de R$ 58,9 bilhões. Os dados mais recentes divulgados são de 2021, quando as empreiteiras movimentaram R$ 68,3 bilhões.

Hoje em dia, é possível ver uma reformulação na lista das principais construtoras do Brasil. Segundo levantamento do Poder360, 65% das principais empresas do setor não integravam o ranking de 20 maiores do país em 2021.

Quem é o pedreiro brasileiro?

Segundo pesquisa do Salário.com, o perfil do pedreiro brasileiro consiste em homens de 40 anos que trabalham 44 horas semanais, possuem ensino médio completo e trabalham para empresas do segmento de construção de edifícios.

Ao analisar os dados de contratações formais com registro em carteira e regime de trabalho integral, foi observado um crescimento de 1,84% na comparação entre os meses de julho de 2022 e julho de 2023.

Um pedreiro executa trabalhos em alvenaria, concreto e outros materiais sempre guiados por desenhos, plantas, esquemas e especificações, utilizando processos e instrumentos para o trabalho do dia a dia. Para se tornar pedreiro, normalmente um profissional começa trabalhando como ajudante em obras. 

Profissionalização é desafio para a mão de obra

Embora as perspectivas do mercado sejam positivas e de crescimento, existe uma preocupação das empresas do ramo: encontrar mão de obra especializada. Segundo a Câmara Brasileira da Construção Civil, 90% das construtoras enfrentam dificuldades para a contratação de profissionais qualificados.

Pedreiros são os profissionais mais difíceis de se contratar, como apontado por 82% das empresas. Em seguida estão carpinteiros, mestres de obras e encarregados de obra – escassos, respectivamente, para 79%, 75% e 70% das construtoras.

Castelo, no entanto, não vê esta questão afetando o crescimento do setor. “Nós tivemos um apagão na educação no período e isso tem reflexos no futuro. No entanto, não vejo isso como sendo um fator preponderante de limitação para o crescimento e causa de custos mais altos”, explica.

Outro número preocupante é a redução de 77% nos novos trabalhadores do setor. Neste contexto, a oferta de cursos profissionalizantes é central para novos profissionais chegarem ao mercado – ou os mais experientes se qualificarem.

Iniciativas como a Academia de Profissionais da Obramax oferecem cursos profissionalizantes gratuitos para ajudar profissionais a elevarem o nível de seus trabalhos. Mais de 27 mil profissionais já participaram das formações oferecidas, com 68% participando de mais de uma – com eletricistas e pedreiros generalistas, correspondendo a metade dos alunos.

Quanto ganha um pedreiro?

questão salarial dos pedreiros está progredindo nos últimos anos. Segundo dados do CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), ela teve alta de 19,09% entre maio de 2020 e novembro de 2022. Hoje, estes profissionais ganham em média R$ 2.007,00 por mês – o que, com o valor médio de R$ 9,18 por hora trabalhada e R$ 501,75 por semana totaliza R$ 24.084 anuais.

Comparando com países de primeiro mundo, este número ainda fica abaixo da média. Em Londres, capital do Reino Unido, pedreiros chegam a receber até 1.200 libras por semana, enquanto em Paris, capital da França, a remuneração semanal pode chegar a até 2.000 euros – equivalentes a, respectivamente, cerca de R$ 7,6 mil e R$ 11,1 mil.

Voltando aos números do CAGED, o levantamento aponta que o teto salarial é de R$ 3.101,09 – cujo pagamento de R$ 14,19 por hora e R$ 775,27 por semana permite que o pedreiro ganhe R$ 37.213,11 por ano. No que tange o piso salarial, os dados apontam que ele é de R$ 1.948,62 – remunerando R$ 8,92 por hora, R$ 487,15 por semana e R$ 23.383,42 por ano.

Estes valores, no entanto, não são constantes em todas as regiões do Brasil. Segundo levantamento do Salário.com, o Sul é onde os pedreiros ganham mais. Com piso de R$ 2.062 e teto de R$ 2.779, os profissionais de lá possuem média salarial de R$ 2.120. Em seguida está o Sudeste, que paga o valor máximo de R$ 2.715 e o mínimo de R$ 2.014 – com salário médio de R$ 2.071.

Na posição intermediária está o Centro-Sul, onde os pedreiros ganham o teto salarial de R$ 2.531, piso de R$ 1.878 e uma média de R$ 1.931. Abaixo fica o Nordeste, com salário mínimo de R$ 1.786, máximo de R$ 2.408 e média de R$ 1.836.

Na última posição está o Norte, onde os profissionais da construção possuem piso salarial de R$ 1.758, teto de R$ 2.370 e média de 1.808. Vale ressaltar que estes números do CAGED contabilizam os empregos formais e com carteira assinada, não abordando remunerações de profissionais que atuam na informalidade.

Onde os pedreiros ganham mais?

Seguindo a tendência nacional de regiões que mais pagam está Santa Catarina, o estado que lidera o ranking: R$ 2.139,09, teto de R$ 3.323,43 e média de R$ 2.199,15 por mês – cerca de R$ 10,01 por hora trabalhada. Além disso, é lá que fica a cidade que oferece o melhor salário à categoria: Porto Belo, que paga R$ 11,55 por hora e remuneração média de R$ 2.538,16.

Em seguida está o Rio de Janeiro, com piso de R$ 2.119,46 e um teto de R$ 3.292,93. Em média, os pedreiros cariocas ganham um salário médio de R$ 2.178,97 por mês – cerca de R$ 10,13 por hora. Sua capital inclusive é a segunda que melhor paga os profissionais: R$ 10,53 por hora trabalhada, em média de R$ 2.273,63 mensais.

A lista de estados onde os pedreiros ganham mais segue com:

  • Paraná: Piso de R$ 2.126,52, teto de R$ 3.303,89 e média de R$ 2.186,23 – R$ 9,97 por hora;
  • São Paulo: Piso de R$ 2.103,86, teto de R$ 3.268,68 e média de R$ 2.162,93 – R$ 9,86 por hora;
  • Bahia: Piso de R$ 1.977,67, teto de R$ 3.072,64 e média de R$ 2.033,20 9,31 – R$ 9,31 por fora;
  • Roraima: Piso de R$ 1.977,37, teto de R$ 3.072,17 e média de R$ 2.032,89 – R$ 9,29 por hora;
  • Espírito Santo: Piso de R$ 1.903,91, teto de R$ 2.958,04 e média de R$ 1.957,37 – R$ 9,05 por hora;
  • Mato Grosso: Piso de R$ 1.913,88, teto de R$ 2.973,53 e média de R$ 1.967,62 – R$ 8,97 por hora;
  • Goiás: Piso de R$ 1.901,52, teto de R$ 2.954,32 e média de R$ 1.954,91 – R$ 8,94 por hora;
  • Distrito Federal: Piso de R$ 1.874,64, teto de R$ 2.912,56 e média de R$ 1.927,28 – R$ 8,38 por hora;
  • Minas Gerais: Piso de R$ 1.858,92, teto de R$ 2.888,14 e média de R$ 1.911,12 – R$ 8,77 por hora;
  • Rio Grande do Sul: Piso de R$ 1.862,48, teto de R$ 2.893,67 e média de R$ 1.914,78 – R$ 8,73 por hora;
  • Acre: Piso de R$ 1.812,97, teto de R$ 2.816,75 e média de R$ 1.863,88 – R$ 8,50 por hora.

Com a já citada Porto Belo sendo a cidade que melhor paga pedreiros, o resto do ranking é dominado pelas regiões Sul e Sudeste:

  • Ponta Grossa (PR): Piso de R$ 2.142,87, média de R$ 2.249,28 e teto de R$ 3.399,18 – R$ 10,26 por hora;
  • Caxias do Sul (RS): Piso de R$ 2.168,52, média de R$ 2.276,21 e teto de R$ 3.439,87 – RS 10,41 por hora;
  • Passo Fundo (RS): Piso de R$ 2.173,45, média de R$ 2.281,38 e teto de R$ 3.447,70 – R$ 10,41 por hora;
  • Rio de Janeiro (RJ): Piso de R$ 2.166,06, média de R$ 2.273,63 e teto de R$ 3.435,98 – R$ 10,53 por hora;
  • Bento Goncalves (RS): Piso de R$ 2.239,65, média de R$ 2.350,88 e teto de R$ 3.552,72 – R$ 10,69 por hora;
  • Duque de Caxias (RJ): Piso de R$ 43 2.302,97, média de R$ 2.417,34 e teto de R$ 3.653,15 – R$ 11,16 por hora;
  • Patos de Minas (MG): Piso de R$ 2.290,41, média de R$ 2.404,16 e teto de R$ 3.633,23 – R$ 11,05 por hora;
  • Palhoça (SC): Piso de R$ 2.333,46, média de R$ 2.449,34 e teto de R$ 3.701,52 – R$ 11,14 por hora;
  • Balneário Camboriú (SC): Piso de R$ 2.334,28, média de R$ 2.450,20 e teto de R$ 3.702,82 – R$ 11,14 por hora;
  • Itapema (SC): Piso de R$ 2.415,68, média de R$ 2.535,64 e teto de R$ 3.831,94 – R$ 11,53 por hora.

Onde os pedreiros ganham menos?

Apesar da região Norte ser a última no ranking de remunerações, os estados nos quais os pedreiros possuem menores remunerações ficam no Nordeste. O Rio Grande do Norte é o último da lista, com piso salarial de R$ 1.564,59 e teto de R$ 2.430,85 – a média é de R$ 1.608,52, com rendimentos de R$ 7,34 por hora trabalhada.

Na penúltima colocação está Sergipe, com salário mínimo de R$ 1.596,58 e remunerações que chegam a até R$ 2.480,54. Desta forma, a média é de R$ 1.641,41 os pedreiros recebem R$ 7,61 por hora lá. Completam a lista:

  • Pernambuco: Piso de R$ 1.799,79, média de R$ 1.850,32 e teto de R$ 2.796,26 – R$ 8,49 por hora;
  • Maranhão: Piso de R$ 1.776,46, média de R$ 2.760,01 e teto de R$ 1.826,33 – R$ 8,43 por hora;
  • Amapá: Piso de R$ 1.786,71, média de R$ 2.775,94 e teto de R$ 1.836,88 – R$ 8,38 por hora;
  • Tocantins: Piso de R$ 1.769,92, média de R$ 1.819,61 e teto de R$ 2.749,86 – R$ 8,30 por hora;
  • Rondônia: Piso de R$ 1.762,50, média de R$ 1.811,99 e teto de R$ 2.738,33 – R$ 8,26 por hora;
  • Pará: Piso de R$ 1.743,20, média de R$ 1.792,15 e teto de R$ 2.708,34 – R$ 8,26 por hora;
  • Mato Grosso do Sul: Piso de R$ 1.757,61, média de R$ 1.806,96 e teto de R$ 2.730,73 – R$ 8,23 por hora;
  • Ceará: Piso de R$ 1.750,86, média de R$ 1.800,02 e teto de R$ 2.720,24 – R$ 8,21 por hora;
  • Amazonas: Piso de R$ 1.698,65, média de R$ 1.746,35 e teto de R$ 2.639,13 – R$ 8,03 por hora;
  • Paraíba: Piso de R$ 1.679,51, média de R$ 1.726,67 e teto de R$ 2.609,39 – R$ 7,89 por hora;
  • Piauí: Piso de R$ 1.678,18, média de R$ 1.725,30 e teto de R$ 2.607,32 – R$ 7,88 por hora;
  • Alagoas: Piso de R$ 1.644,75, média de R$ 1.690,93 e teto de R$ 2.555,38 – R$7,72 por hora;
  • Sergipe: Piso de R$ 1.596,58, média de R$ 1.641,41 e teto de R$ 2.480,54 – R$ 7,61 por hora;
  • Rio Grande do Norte: Piso de R$ 1.564,59, média de R$ 1.608,52 e teto de R$ 2.430,85 – R$ 7,34 por hora.

Já as cidades com menores remunerações se concentram nas regiões Norte e Nordeste:

  • Parnamirim (RN): Piso de R$ 1.491,66, média de R$ 1.565,74 e teto de R$ 2.366,19 – R$ 7,18 por hora;
  • Extremoz (RN): Piso de R$ 1.479,30, média de R$ 1.552,76 e teto de R$ 2.346,58 – R$ 7,07 por hora;
  • Macaíba (RN): Piso de R$ 1.494,24, média de R$ 1.568,45 e teto de R$ 2.370,29 – R$7,14 por hora;
  • Itabaiana (SE): Piso de R$ 1.450,08, média de R$ 1.522,09 e teto de R$ 2.300,23 – R$ 7,11 por hora;
  • Tefé (AM): Piso de R$ 1.488,23, média de R$ 1.562,14 e teto de R$ 2.360,75 – R$ 7,10 por hora;
  • Teixeira (PB): Piso de R$ 1.446,32, média de R$ 1.518,14 e teto de R$ 2.294,26 – R$ 6,90 por hora;
  • Nossa Senhora da Gloria (SE): Piso de R$ 1.421,87, média de R$ 1.492,48 e teto de R$ 2.255,48 – R$ 6,80 por hora;
  • Patos (PB): Piso de R$ 1.358,98, média de R$ 1.426,47 e teto de R$ 2.155,73 – R$ 6,49 por hora;
  • Rorainópolis (RR): Piso de R$ 1.328,24, média de R$ 1.394,20 e teto de R$ 2.106,96 – R$ 6,34 por hora;
  • Vitoria do Jari (AP): Piso de R$ 1.154,66, média de R$ 1.212,00 e teto de R$ 1.831,61 – R$ 5,51 por hora.

Quanto o pedreiro ganha em cada capital do Brasil?

Quando são analisados os números das capitais, as tendências são semelhantes às das cidades mencionadas anteriormente. Apesar do Norte ser o estado com menores remunerações para pedreiros, três cidades nordestinas ficam abaixo da região neste ranking: Natal, Teresina e João Pessoa.

Além disso, o Sul e o Sudeste dividem as primeiras quatro posições com Florianópolis, Rio de Janeiro, Curitiba e São Paulo. Boa Vista e Salvador são as capitais fora deste eixo melhor posicionadas. Confira a lista completa:

  • Natal (RN): Piso de R$ 1.542,81, média de R$ 1.619,43 e teto de R$ 2.447,33 – R$ 7,38 por hora;
  • Teresina (PI): Piso de R$ 1.652,07, média de R$ 1.734,11 e teto de R$ 2.620,65 – R$ 7,91 por hora;
  • João Pessoa (PB): Piso de R$ 1.664,25, média de R$ 1.746,90 e teto de R$ 2.639,97 – R$ 7,99 por hora;
  • Manaus (AM): Piso de R$ 1.666,13, média de R$ 1.748,87 e teto de R$ 2.642,95 – R$ 8,04 por hora;
  • Campo Grande (MS): Piso de R$ 1.690,78, média de R$ 1.774,74 e teto de R$ 2.682,05 – R$ 8,09;
  • Belém (PA): Piso de R$ 1.700,51, média de R$ 1.784,96 e teto de R$ 2.697,48 – R$ 8,28 por hora;
  • Palmas (TO): Piso de R$ 1.733,47, média de R$ 1.819,56 e teto de R$ 2.749,77 – R$ 8,28 por hora;
  • Porto Velho (RO): Piso de R$ 1.737,76, média de R$ 1.824,06 e teto de R$ 2.756,57 – R$ 8,34 por hora;
  • Brasília (DF): Piso de R$ 1.874,64, média de R$ 1.927,28 e teto de R$ 2.912,56 – R$ 8,38 por hora;
  • Fortaleza (CE): Piso de R$ 1.748,59, média de R$ 1.835,42 e teto de R$ 2.773,74 – R$ 8,39 por hora;
  • São Luís (MA): Piso de R$ 1.736,17, média de R$ 1.822,39 e teto de R$ 2.754,04 – R$ 8,40 por hora;
  • Macapá (AP): Piso de R$ 1.765,19, média de R$ 1.852,85 e teto de R$ 2.800,08 – R$ 8,45 por hora;
  • Rio Branco (AC): Piso de R$ 1.779,56, média de R$ 1.867,93 e teto de R$ 2.822,87 – R$ 8,51 por hora;
  • Recife (PE): Piso de R$ 1.769,66, média de R$ 1.857,54 e teto de R$ 2.807,17 – R$ 8,52 por hora;
  • Porto Alegre (RS): Piso de R$ 1.836,71, média de R$ 1.927,93 e teto de R$ 2.913,54 – R$ 8,83 por hora;
  • Cuiabá (MT): Piso de R$ 1.856,33, média de R$ 1.948,51 e teto de R$ 2.944,65 – R$ 8,91 por hora;
  • Belo Horizonte (MG): Piso de R$ 1.860,14, média de R$ 1.952,52 e teto de R$ 2.950,70 – R$ 8,93 por hora;
  • Goiânia (GO): Piso de R$ 1.881,72, média de R$ 1.975,17 e teto de R$ 2.984,93 – R$ 9,02 por hora;
  • Vitoria (ES): Piso de R$ 1.906,77, média de R$ 2.001,46 e teto de R$ 3.024,67 – R$ 9,19 por hora;
  • Salvador (BA): Piso de R$ 1.946,96, média de R$ 2.043,65 e teto de R$ 3.088,43 – R$ 9,34 por hora;
  • Boa Vista (RR): Piso de R$ 1.949,82, média de R$ 2.046,65 e teto de R$ 3.092,96 – R$ 9,34 por hora;
  • São Paulo (SP): Piso de R$ 2.095,29, média de R$ 2.154,12 e teto de R$ 3.255,38 – R$ 9,81 por hora;
  • Curitiba (PR): Piso de R$ 2.091,54, média de R$ 2.195,40 e teto de R$ 3.317,76 – R$ 10,01 por hora;
  • Rio de Janeiro (RJ): Piso de R$ 2.166,06, média de R$ 2.273,63 e teto de R$ 3.435,98 – R$ 10,53 por hora;
  • Florianópolis (SC): Piso de R$ 2.274,81, média de R$ 2.387,78 e teto de R$ 3.608,48 – R$ 10,87 por hora.

Quanto ganha um pedreiro por faixa etária?

Assim como na maioria das profissões, o salário do pedreiro aumenta proporcionalmente à sua idade. Segundo dados do CAGED, profissionais com menos de 20 anos e que começam na carreira ganham em média R$ 1.829,16 por mês – R$ 10,39 por hora trabalhada. Confira a progressão salarial completa do setor:

  • Entre 21 e 30 anos: Média salarial de R$ 1.975,06 e R$ 11,2 por hora;
  • Entre 31 e 40 anos: Média salarial de R$ 2.000,23 e R$ 11,36 por hora;
  • Entre 41 e 50 anos: Média salarial de R$ 2.010,35 e 11,42 por hora;
  • Entre 51 e 60 anos: Média salarial de R$ 2.021,18 e 11,48 por hora;
  • Entre 61 e 70 anos: Média salarial de R$ 2.039,77 e 11,58 por hora;
  • Acima de 70 anos: Média salarial de R$ 2.037,85 e 11,57 por hora.

Salário pedreiro

Qual modelo de contratação paga melhor?

Quando falamos sobre a profissão pedreiro, existe uma vasta gama de modelos de contratação que são usados pelos empregadores. Os dados oferecidos pelo CAGED citados anteriormente focam nos rendimentos de trabalhadores contratados pelo regime de CLT.

Para os pedreiros que não atuam com carteira assinada, a realização de contrato por empreitada é uma solução para ter maior segurança no trabalho. No entanto, um estudo realizado pela Obramax aponta que esta prática é comum só para 39,4% dos profissionais – com 20% desconhecendo a possibilidade.

“É essencial para você analisar a obra que será feita, o material que vai ser comprado, a pessoa que vai ser contratada, como ocorrerá o pagamento e quanto tempo vai durar a obra”, explica o advogado Adriano Gonçalves. Segundo ele, a questão é importante para garantir indenizações em casos de acidentes e trazer maior segurança à relação profissional.

Para os profissionais autônomos, a solução encontrada é trabalhar como MEI (Microempreendedor Individual). Este regime de contratação ajuda, principalmente, em casos de acidente de trabalho – já que ele oferece cobertura do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) nestes casos.

Rafael Panssani trabalha como MEI e compara a situação com os Estados Unidos, onde todos profissionais são autônomos. “A CLT faz falta para quem é MEI porque você tem maior proteção quando acontece algum imprevisto e demora menos para receber o auxílio. Quando tenho meses difíceis, nem sempre consigo pagar”, conta.

Já o influenciador Josias Rodrigues, do canal JR Construção, aponta a importância da educação financeira para os pedreiros autônomos. “Quem trabalha como MEI não terá os descontos da CLT e, consequentemente, ganhará mais. Eu sempre ensino aos meus funcionários a cuidarem das finanças e se organizarem para se beneficiarem do modelo”, explica.

O paulista divide a rotina de mestre de obras com a produção de conteúdos sobre reformas – contratando profissionais que o ajudam até, segundo ele, alçarem voos maiores e empreenderem.

Quanto ganha um pedreiro concursado?

MEI e CLT não são os únicos modelos de contratação usados pela construção civil. É possível estudar para concurso público e se tornar um pedreiro concursado. No entanto, esta escolha fica atrás dos outros regimes no âmbito financeiro: a média salarial é de R$ 1.693,10 – 15% abaixo do setor privado.

Segundo o levantamento do Salário.com, o principal benefício visto pelos profissionais da área pública é a estabilidade oferecida pelo formato. Foram entrevistados 432 pedreiros contratados por órgãos municipais, estaduais e federais.

Quais as especialidades melhor remuneradas pelas construtoras?

A construção civil é um setor amplo e, por isso, possui diversas especialidades. Além disso, elas são remuneradas de maneira diferente pelas construtoras. A seguir, você pode ver o ranking completo com os dados do CAGED:

  • Construção de redes de abastecimento de água, coleta de esgoto e construções correlatas: Piso salarial de R$ 1.871,04, média de R$ 1.923,57 e teto de R$ 2.906,96 – R$ 8,78;
  • Construção de rodovias e ferrovias: Piso salarial de R$ 1.903,46, média de R$ 1.956,90 e teto de R$ 2.957,33 – R$ 8,92 por hora;
  • Serviços de engenharia: Piso salarial de R$ 1.922,47, média de R$ 1.976,44 e teto de R$ 2.986,86 – R$ 9,04 por hora;
  • Construção de edifícios: Piso salarial de R$ 1.944,76, média de R$ 1.999,36 e teto de R$ 3.021,50 – R$ 9,14 por hora;
  • Instalação e manutenção elétrica: Piso salarial de R$ 1.939,62, média de R$ 1.994,08 e teto de R$ 3.013,51 – R$ 9,15 por hora;
  • Outras obras de engenharia civil: Piso salarial de R$ 1.961,07, média de R$ 2.016,13e teto de R$ 3.046,84 – R$ 9,22 por hora;
  • Obras de alvenaria: Piso salarial de R$ 1.968,75, média de R$ 2.024,03 e teto de R$ 3.058,77 – R$ 9,26 por hora;
  • Serviços especializados para construção: Piso salarial de R$ 1.981,48, média de R$ 2.037,12 e teto de R$ 3.078,56 – R$ 9,33 por hora;
  • Incorporação de empreendimentos imobiliários: Piso salarial de R$ 1.984,61, média de R$ 2.040,33 e teto de R$ 3.083,41 – R$ 9,34 por hora;
  • Outras obras de acabamento da construção: Piso salarial de R$ 2.013,33, média de R$ 2.069,86 e teto de R$ 3.128,03 – R$ 9,45por hora.

Quem são os influencers da construção civil?

Iran Ferreira, que ficou conhecido nas redes sociais como Luva de Pedreiro, não é o único produtor de conteúdo com construção – apesar de seu nicho ter ido para o futebol, grande paixão do baiano.

Entre os mais proeminentes está o já citado Josias Rodrigues. Seu canal JR Construção possui 1,69 milhões de inscritos no YouTube e mostra o passo a passo das obras nas quais ele trabalha. Segundo ele, o diferencial do conteúdo produzido é o fato de ajudar pessoas a aprenderem a profissão.

“Resolvi passar meu conhecimento de 30 anos de profissão para contribuir para o crescimento de outras pessoas. Nem todos possuem o mesmo privilégio que eu tenho de ter acesso à informação e conhecimento”, conta Rodrigues.

A ideia de produzir conteúdos deslanchou e Josias concilia o trabalho cotidiano com os vídeos. “A monetização das plataformas me dá mais dinheiro do que a construção em si. Se uma obra der dez mil reais, pode ter certeza que o conteúdo rende até trinta vezes mais e por isso tanta gente quer virar influenciadora”, explica.

Rodrigues, no entanto, não pretende focar só na produção de conteúdo. “Meu lado humano não permite porque tenho funcionários e famílias que dependem do meu trabalho. Ajudo na educação financeira e gestão de carreira destas pessoas”, afirma.

Inclusive, os projetos de Josias que se tornam vídeos são definidos em acordos com o cliente. “Nas outras obras eu tenho lucro, mas nestas eu tenho atrasos e custos adicionais porque preciso de mais tempo. Faço o conteúdo sem roteiro, mostrando como a obra é feita na íntegra”, conta.

Como a tecnologia é usada a favor da construção civil?

A digitalização de processos na construção civil é vista como central para trazer sustentabilidade, eficiência, segurança e agilidade ao setor.  Em 2020, o estudo “Transformação Digital: O Futuro da Construção Conectada,” conduzido pela Autodesk em colaboração com a IDC revelou que o Brasil foi classificado com o menor grau de maturidade tecnológica na indústria da construção em comparação a outras 11 nações na Europa, Américas e Ásia. 

Uma pesquisa conduzida pela plataforma Prospecta Obras corrobora o dado. Em 2020, 73% das empresas no setor não possuíam presença digital ativa. Entretanto, no ano seguinte, esse número reduziu para 22%, evidenciando que o segmento começou a reconhecer a importância – e os ganhos – da incorporação de tecnologias no processo construtivo.

Conforme noticia o jornal Correio Popular,  para o diretor regional de Campinas do Sindicato da Indústria da Construção Civil de Grandes Estruturas no Estado de São Paulo (SindusCon-SP), Márcio Benvenutti, os progressos levam à especialização: “Hoje não tem mais espaço para o faz-tudo. Em vez de se ter duas pessoas que fazem o serviço em dez meses, há dez pessoas que realizam a tarefa em dois meses”. A declaração foi concedida durante o evento “Rodada da Inovação na Construção”, em agosto de 2023.

Apesar de serem promissoras, a aderência dos profissionais a essas soluções nem sempre é fácil. Para Josias, o mercado brasileiro ainda está muito longe de usá-las de maneira eficiente. “Muitas empresas desenvolvem tecnologias e só querem vender, sem ajudar o profissional a entender como usar. A maioria só faz trabalho no topo da pirâmide e não conseguem se comunicar com o usuário final”, explica.

Qual é a solução? Segundo ele, é se aproximar dos pedreiros e profissionais que usarão os recursos – que às vezes nem os conhecem. E os produtores de conteúdo possuem um papel importante para isso. “Já fui procurado para mostrar um segurador de régua que seria lançado e usei nos meus vídeos. Consegui ajudar a vender mais de 100 mil peças do equipamento porque mostrei ao público como funciona e é isso que precisam fazer com essas tecnologias”.

Soluções tecnológicas aliadas à construção civil

Essas soluções tecnológicas estão revolucionando a indústria da construção civil, tornando-a mais eficiente, sustentável e inovadora:

Realidade Virtual (RV): Cria ambientes virtuais imersivos que permitem aos projetistas, engenheiros e clientes explorarem um projeto em 3D antes da construção real. É utilizada na validação do design e na tomada de decisões informadas.

Drones (Veículos Aéreos Não Tripulados – VANTs): Usados na construção civil para inspeções aéreas, monitoramento de progresso da obra, levantamento topográfico e mapeamento de terrenos, drones oferecem eficiência, precisão e economia de tempo.

IoT (Internet das Coisas): Sensores IoT são usados para coletar dados em tempo real de equipamentos, máquinas e edifícios, ajudando na manutenção preditiva, no gerenciamento de ativos e na melhoria da eficiência energética.

Impressão 3D de Construções: Usada para criar estruturas de construção diretamente a partir de projetos digitais, acelerando o processo de construção, reduzindo custos e minimizando o desperdício de materiais.

Robótica na Construção: Robôs são utilizados em tarefas de construção, como alvenaria, pintura e até mesmo montagem de estruturas. Eles aumentam a eficiência e reduzem o risco para os trabalhadores.

Inteligência Artificial (IA): Usada para análise de dados, previsões de custos, otimização de cronogramas e tomada de decisões mais informadas durante o ciclo de vida de um projeto de construção.

Gestão de Projetos em Nuvem: Permitem que equipes compartilhem informações e documentos em tempo real, melhorando a colaboração e a comunicação.

Sistemas de Energia Renovável: A integração de sistemas de energia solar, eólica e outras fontes renováveis em edifícios reduz os custos operacionais e contribui para a sustentabilidade.

Realidade Aumentada (RA): Combina o mundo real com elementos virtuais, fornecendo informações contextuais aos trabalhadores durante a construção, melhorando a precisão e eficiência.

Modelagem 3D BIM vira estratégia em programas habitacionais

O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) convocou representantes de organizações relacionadas à Construção Civil para discutir a revitalização da Estratégia BIM-BR, que tem como objetivo difundir uma metodologia integrada visando a diminuição dos gastos e do período de conclusão das obras, além de contribuir para a redução das emissões de carbono. A partir do próximo ano, os principais programas governamentais de habitação, transporte e infraestrutura, entre outros, devem dar preferência a essa tecnologia.

BIM é a abreviação em inglês de “Building Information Modelling” – em língua portuguesa, “Modelagem da Informação da Construção”. Trata-se de um conjunto de tecnologias e procedimentos integrados que possibilita a concepção, a aplicação e a atualização de representações digitais da obra colaborativamente, integrando todos os envolvidos no projeto. 

A qualificação de especialistas e administradores públicos na promoção do BIM é um dos principais obstáculos identificados na Estratégia, de acordo com Rafael Codeço, diretor de Desenvolvimento da Indústria de Bens de Consumo Não Duráveis e Semiduráveis do MDIC: 

“O BIM está no centro da nova política industrial, foi incluído no Novo PAC (Plano de Aceleração do Crescimento) e tem função importante no Minha Casa Minha Vida. O governo está encaminhando sua parte, mas as entidades são de fundamental importância para o desenvolvimento da tecnologia. Além de ser um setor estratégico para geração de emprego e renda em áreas como habitação, infraestrutura e lazer”, afirmou Codeço.

O papel da mulher na construção civil 

Segundo dados divulgados pela Rais (Relação Anual de Informações Sociais) em seu último levantamento, de 2021, o segmento é composto por 10,85% de profissionais do sexo feminino. O número de mulheres aumentou de 207 mil (de um total de 2,6 milhões de funcionários, apurado em 2010) para 251 mil (de um total de 2,3 milhões).

Este crescimento se deve a iniciativas como a ONG Mulher Em Construção, criada pela gaúcha Bia Kern em 2006. O projeto atua na capacitação e formação de mulheres para o mercado de trabalho e já ajudou 6 mil profissionais a conseguirem emprego.

Líder da Mulher Em Construção em São Paulo, Camila Alhadeff explica que o projeto surgiu quando Kern fez um curso de pintura de parede. “Ela viu uma falta de cursos voltados para mulheres e, como teve muita procura, decidiu investir nessa necessidade do mercado”, explica.

O foco da ONG é a realização de oficinas e workshops gratuitos para preparar as mulheres, geralmente feitas em parceria com empresas. Além de priorizar na construção civil, formações em áreas correlatas como hidráulica, eletricidade e restauração.

Quem é a mulher pedreira?

Já o perfil destas profissionais é diferente dos homens. Segundo Alhadeff, são mulheres pretas, periféricas e chefes de família que fazem bicos informais. “A maioria delas são vítimas de violência doméstica, que é um problema de saúde pública e mental. Nosso trabalho é ajudá-las a conseguirem colocação no mercado de trabalho porque com dinheiro no bolso você consegue mudar de vida”, explica.

Para a entrada delas no mercado de trabalho, a Mulher Em Construção atua também no lado comportamental e psicológico. “Sabemos que o mercado é majoritariamente masculino e machista, então temos toda uma trilha que aborda questões como assédio, racismo e a dinâmica cotidiana”, explica Alhadeff.

Outro diferencial para a entrada das mulheres no mercado é o fato da educação dos homens ser mais informal, geralmente de pai para filho. “Já a mulher precisa estudar mais para entrar no mercado, o que a torna mais dedicada e preparada”, conta.

Alhadeff ainda aponta que as características mais elogiadas destas profissionais pelos parceiros são o fato das mulheres oferecerem maior atenção, capricho e detalhismo. Isso gera menos desperdícios de materiais de construção e retrabalhos.

Quanto ganha uma pedreira?

A questão da divergência salarial entre homens e mulheres ainda é uma questão muito debatida no mercado de trabalho ー e isso vale para a construção civil. Segundo dados do CAGED, elas ganham 4,2% a menos. Desta forma, a média salarial feminina é de R$ 1.922,73, com jornadas de trabalho de 44 horas semanais.

Esta realidade, no entanto, não se traduz no país inteiro. A exceção é Joinville (SC), onde as mulheres possuem salários 10,9% superiores. Segundo o Observatório da Indústria Catarinense, o principal motivo é o fato delas terem mais estudo.

“Como a mulher precisa estudar mais para trabalhar na profissão, ela segue mais os manuais e procedimentos dos materiais de construção utilizados”, explica Alhadeff. Segundo ela, este diferencial oferece maior preparo para elas.

Outro ponto é a questão contratual, como 60% dos profissionais de construção trabalhando sem contrato. Já Alhadeff explica que esta questão varia em determinadas regiões do país.

Entre as mulheres da construção civil atendidas pela Mulher Em Construção no Rio Grande do Sul, carteira assinada e contratos por empreitada são uma raridade. “Elas costumam se identificar com a profissão e flexibilidade de ter a própria carteira de clientes, conseguindo conciliar com a maternidade”, explica.

Já em São Paulo, a realidade é diferente. Na capital econômica do país, a maioria das mulheres atendidas pela ONG já terminam suas formações com um emprego de carteira assinada ー geralmente em uma empresa parceira da Mulher Em Construção.

Quais políticas públicas ajudam a inclusão da mulher na construção civil?

Minas Gerais é o estado pioneiro na criação de políticas públicas de inclusão feminina na construção. Criada em 2015, a lei PL 5358/20 estabelece cotas de 5% de profissionais mulheres em todas as obras. Alhadeff elogia a norma, pela qual a Mulher Em Construção luta para a criação de legislações semelhantes em São Paulo e no Rio Grande do Sul.

Ela aponta, no entanto, que esta questão precisa de outras políticas públicas para garantir a entrada de mais mulheres no mercado de trabalho. “Precisamos garantir a capacitação destas profissionais. Não adianta exigir a contratação delas sem investir em oferecer o conhecimento necessário”, conta. “Já ouvi empresas demonstrando interesse em ter mais mulheres, mas esbarrando na dificuldade de encontrar mão de obra qualificada”, completa Alhadeff.

Segundo ela, um dos principais obstáculos enfrentados pelas mulheres é a necessidade de fortalecer redes de apoio às mulheres com filhos. “Há toda uma cadeia que precisa evoluir para oferecer segurança às profissionais para que elas possam trabalhar”, explica. Alhadeff aponta que a falta de creches, por exemplo, atrapalha a rotina das profissionais que conciliam carreira e maternidade.

Além disso, outro desafio apontado por ela é a questão dos papéis de gênero ー principalmente a questão do setor de construção ser visto como coisa de homem. “Estes estereótipos são uma questão cultural apresentada durante a vida. Tem que ser feito um trabalho nas instituições de ensino de todos os níveis para ampliar esse horizonte”, aponta Alhadeff ao destacar também a necessidade de maior representatividade e referências femininas na área.

Este quadro, segundo ela, já está mudando ー o que Alhadeff vê na educação de seus três filhos. “Já vejo colegas da minha filha dizendo que querem ser juízas, algo que não acontecia na minha época. Então estamos progredindo”, conta.

Mulher na construção civil

PCD na construção Civil

Outro grupo que se faz presente na construção civil são os PCDs (Pessoas Com Deficiência). Segundo o Salário.com, a média salarial destes profissionais é de R$ 2.003,22 ー próximo da média nacional. O levantamento aponta que o salário não difere de acordo com a condição do trabalhador, cuja jornada de trabalho é de 44 horas semanais.

O Sindicato da Indústria da Construção do Estado de São Paulo (SindusCon-SP) e o Seconci-SP se juntaram para realizar o Estudo de Viabilidade para Inserção Segura de Pessoas com Deficiência na Construção Civil. Nele, só quatro categorias não são indicadas à profissão:

  • Pessoas com deficiência intelectual severa e profunda;
  • Pessoas com deficiência física nos membros superiores;
  • Pessoas com deficiência física ostomizado;
  • Pessoas com deficiência visual, seja cegueira e ou baixa visão.

Já as condições mais recomendadas são pessoas com nanismo ou deficientes auditivas ー ambos contraindicados somente na operação de escavadeiras, gruas, guinchos e guindastes. A única deficiência que não foi analisada no estudo foi a visão monocular.

Segundo o estudo, 33,3% dos profissionais PCD da construção civil são mestres de obras. Em seguida estão ajudantes gerais e encarregados de almoxarifados, cada um com 16,7%. Completam a lista os auxiliares administrativos e de laboratório tecnológico, carpinteiros, eletricistas, pedreiros e operadores de máquina extratora ー todos com 5,6% da amostragem.

No que tange a faixa etária, profissionais com idade entre 18 e 29 anos e 30 a 39 anos são os mais comuns ー correspondendo a 33,3% cada. Em seguida estão pessoas dos 40 a 49 anos e acima dos 50 anos, ambos com 16,7% da amostragem.

Já a adequação do posto de trabalho ao profissional PCD é considerada boa por eles. Segundo o estudo, somente 11,1% dos entrevistados se queixaram neste sentido, com 88,9% elogiando as condições de acessibilidade e adaptação da equipe às suas necessidades.

A produtividade destes profissionais, inclusive, é motivo de elogios por seus gestores. 33,3% dos trabalhadores PCD da construção civil possuem desempenho acima da média e 61,1% satisfazem as lideranças com suas entregas. Desta forma, somente 5,6% dos apresentaram dificuldades neste quesito.

Com maior inclusão e oportunidades de trabalho, a construção civil se manterá aquecida em 2023. Desta forma, investir na profissionalização e capacitação permitirá ao pedreiro crescer na carreira e se preparar melhor para se beneficiar da alta demanda do setor.

Autor

  • Marco Lima

    Jornalista com ampla experiência em Marketing Digital com foco em conteúdo para web. Atua desde 2021 na produção de artigos para o blog da Obramax em conjunto com especialistas técnicos no segmento da Construção Civil.